“Com o projeto
eu consegui fazer o curso de manejo de açaizal, esse curso aprimorou minha
técnica, aliás, eu nem tinha técnica. Estou aplicando no meu açaizal nativo o
que aprendi e minha terra já está mais produtiva”. O depoimento do agricultor Magnandes
Costa Cardoso, 41 anos, da comunidade Morada Nova, localizada no distrito de
Monte Dourado, reflete as transformações ocorridas na região com a realização
do projeto Almeirim Sustentável, uma iniciativa do Instituto Floresta Tropical
(IFT), em parceria com o Fundo Vale.
O projeto chega ao fim no mesmo
ano em que o IFT comemora 20 anos de fundação. Para encerrar as atividades foi
realizado no dia 29 de agosto, na sede do Atlético Clube de Almeirim,
um seminário em que a equipe apresentou os produtos técnicos oriundos do
trabalho desenvolvido ao longo de três anos e meio. Quem comemorou
os resultados do projeto foi Isabel Araújo de Almeida, agricultora de 63 anos.
Ela mora na comunidade de Repartimento Pilão, aonde chegou com apenas 10 anos.
“Trabalhei até certa idade na agricultura, depois passeia estudar, me formei
trabalhei com os filhos dos agricultores como professora por 26 anos. Hoje sou
aposentada, mas continuo na agricultura. Planto mamão, tenho uma horta, tudo
que der eu planto. Muita coisa mudou nesses últimos anos, graças ao projeto”,
explica.
Isabel mora com o
marido e conta com a ajuda dos filhos para cuidar da terra em que vive. Agora,
sente-se capacitada para desenvolver as atividades na agricultura e
extrativismo com os conhecimentos adquiridos no projeto. “O ‘Almeirim” trouxe
muita coisa boa, a gente não estava plantando feijão, nem milho, eles vieram e
passaram a semente, tudo organizado. Uma coisa muito boa que o IFT levou pra
nós da comunidade foi o conhecimento sobre os valores dos produtos da floresta,
como a árvore. Eles foram lá e ensinaram sobre da floresta em pé”, destaca
Isabel.
A proposta do
projeto foi desenvolver em Almeirim, e municípios vizinhos, um novo
modelo de município verde, por meio do fortalecimento de cadeias produtivas de
base florestal e agroflorestal, aumento da segurança alimentar e do bem-estar
social e desenvolvimento de atividades econômicas complementares. Coordenado
pelo engenheiro florestal Herberto Ueno, “Almeirim Sustentável” alcançou pelo
menos 112 famílias em 05 comunidades do município de Porto de Moz, outras 30
famílias em 6 comunidades de Monte Alegre e, ainda, 872 famílias de 83
comunidades em Almeirim.
Durante o seminário,
que reuniu os atores envolvidos no projeto, foram
apresentados os materiais produzidos pela equipe que coordenou as
ações na região. Tratam-se do calendário Festivo, Religioso e Produtivo;
Cartilha de Manejo do Açaí, publicação que consolida todas as informações sobre
as boas práticas do manejo em açaizais nativos de terra firme, de acordo com as
experiências geradas em Almeirim; Cartilha de Saúde, com informações úteis para
as populações rurais, como por exemplo, dados sobre as principais doenças que
ocorrem na região, os sintomas e tratamentos, e ainda orientações sobre
planejamento familiar e educação em saúde.
O IFT também vai entregar o
Diagnóstico Agroflorestal, publicação com informações agrícolas e florestais
dos municípios de Monte Alegre e Almeirim; Relatório de Indicadores
socioambientais do projeto - Levantamento feito por consultoria para avaliar e
efetividade dos resultados alcançados; Plano de Desenvolvimento Sustentável
para Almeirim, que será entregue para o poder público municipal, com
estratégias que o município deve adotar para continuar as ações do projeto que
ainda necessitam ser mantidas. “Será uma forma de apresentarmos a possibilidade
de continuidade destas atividades para a sociedade local através do poder público
do município”, explica o biólogo Paulo Amorim, supervisor do projeto. Os
produtos e publicações serão entregues e disponibilizados para a sociedade em
geral na primeira quinzena de Novembro.
Para Carina Pimenta, gerente do
Fundo Vale, o projeto buscou promover ações estruturantes, para que os
parceiros locais conseguissem autonomia para prosseguir de forma independente.
“Entendemos que a grande região que envolve a Calha Norte tem um papel
fundamental na conservação ambiental e melhoria da condição de vida das
populações por abrigar o maior bloco contínuo de florestas tropicais do
planeta. Por isso, continuaremos apoiando outras ações no território, uma delas
dentro da Resex Verde para Sempre, com foco no manejo florestal comunitário
familiar”, destacou.
Leia abaixo a carta de finalização
do projeto distribuída para as comunidades: